Não sou uma fã fervorosa da Martha Medeiros. Mas, por ter concordado com suas últimas crônicas da Revista de Domingo (O Globo), resolvi comprar o livro Doidas e Santas, que reúne cem crônicas da autora.
Martha expõe os anseios de sua geração e de sua época. Por isso, tornou-se uma das vozes mais importantes entre as recentemente surgidas no cenário nacional e arrebatou uma enorme legião de admiradores. As alegrias e as desilusões, os dramas e as delícias da vida adulta, as neuroses da vida urbana, o prazer que se esconde no dia-a-dia, o poder transformador do afeto, os mistérios da maternidade, enfim, o cotidiano de cada um de nós tornou-se o principal tema da autora.
O livro é ótimo. Olha o trechinho de uma das minhas crônicas favoritas:
"Pesquisando sobre o tema, descobri que o milho que não estoura se chama piruá. Sabe aquele milho que sobra na panela e se recusa a virar um floquinho branco, macio e alegre ? Piruá. E aí tenho que concordar com o escritor Rubem Alves, que já escreveu sobre o assunto: tem muita gente piruá neste planeta. Gente que não reage ao calor, que não desabrocha. Fica ali, duro, triste e inútil pro resto da vida. Não cumpre sua sina de revelar-se, de transformar-se em algo melhor. Não vira pipoca, mantém-se piruá. E um piruá emburrado, que reclama que nada lhe acontece de bom. Pois é. Perdeu a chance de se entregar ao fogo, tentou se preservar, danou-se."
Ah, no RJ, a atriz Cissa Guimarães (aquela que arrebenta o coco, mas não quebra a sapucaia rs) estrela uma peça homônima, obviamente baseada no livro. Quando eu for assistir, conto se é bom :)
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